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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Simpósio Temático Metahistória: ação humana e produção do conhecimento histórico.

XXVI SIMPÓSIO NACIONAL HISTÓRIA
ANPUH 50 anos
São Paulo, 17 a 22 de julho de 2011.
Universidade de São Paulo (USP)
Cidade Universitária



096. Metahistória: ação humana e produção do conhecimento histórico.
Coordenadores: ESTEVÃO CHAVES DE REZENDE MARTINS (Pós Doutor(a) - Universidade de Brasília)

Resumo: Nos últimos anos, no Brasil, as diversas dimensões da reflexão do historiador sobre a própria atividade têm chamado, de maneira crescente, a atenção dos historiadores.
Poderíamos dividir as dimensões reflexivas em algumas etapas. Inspirados na “matriz disciplinar” proposta por Jörn Rüsen, discernimos algumas etapas sem as quais o trabalho do historiador torna-se inconcebível: (a) percepção de crises de orientação social e culturalmente localizadas; este domínio pode ser tratado a partir de temas e conceitos como memória, esquecimento, tradição, crise. (b) elaboração de idéias capazes de refletir e pensar sobre sujeitos históricos; trata-se de um campo cujos textos pertencem às ditas “filosofias da história” (c) fundamentação metódica de um conhecimento fiável e verificável; este é frequentemente denominado de “teoria da história”, ou mesmo “metodologia da história” (d) estratégias de apresentação e construção do discurso; aqui se encontram os debates de história da historiografia e teoria da historiografia; (e) maneiras de construção de identidade a partir da comunicação e ensino do conhecimento metodicamente elaborado e formalmente narrado; é muito comum encontramos os muitos estudos sobre didática da história. A este conjunto de preocupações podemos chamar de metahistória.
Neste simpósio, a proposta se concentrará nos pontos (b) e (c). A preocupação consiste, portanto, em discutir não somente as maneiras de pensar o processo histórico (b), mas também de construir o conhecimento histórico (c).
Justificativa: Em nossos dias, a metahistória ocupa um lugar fundamental, e não somente nos bastidores da produção historiográfica. Sem a metahistória, o historiador não adquire consciência de seu trabalho, e, assim, torna-se um instrumento dócil em uma época de descontrolada informação e relativismo de valores. Para se diferenciar como profissional – e eventualmente defender a regulamentação de sua profissão – o historiador precisa ter consciência das etapas que constituem o seu processo de trabalho, podendo, assim, se diferenciar e dialogar com formas de representação do passado que reivindicam – e muitas vezes o conseguem, mesmo que comercialmente – reconhecimento cultural.
Possuir conhecimento do todo do processo histórico, pretensão habitualmente cultivada pelos filósofos da história (Voltaire, Herder, Kant, Hegel, entre outros), é algo considerado ultrapassado. Mas uma área do conhecimento não pode ser avaliada somente pela validade de suas respostas tradicionais, mas, também, pela permanência da validade de suas questões. Não é porque os autores clássicos das filosofias da história devem e podem ter seus conceitos fortemente revistos e relativizados, que devemos deixar de lado a pergunta: “por que chegamos a um ponto que não foi nosso objetivo inicial?”. O projeto moderno ocidental, por exemplo, não previa, por exemplo, Auschwitz. Assim como o aquecimento global não foi intenção consciente e deliberada da industrialização. Sobretudo, se pensarmos que as filosofias da história nos permitem identificar as ações significativas (os sujeitos da história) capazes de explicar transformações desconcertantes em um primeiro momento, toda e qualquer tematização sobre a idéia de história terá sentido sempre quando perguntarmos sobre a natureza e o limite da ação intencional humana.
Identificados ou mapeados os limites e a natureza da ação significativa humana, ou seja, percebido o que o historiador deve estudar (conforme o caso), há de se perguntar como ele deve elaborar o que considera relevante. Aí entram o método e suas implicações epistemológicas. Ao elaborar metodicamente, que sujeito do conhecimento é produzido? Que objeto do conhecimento é construído?
Este simpósio temático, portanto, propõe pensar duas das dimensões mais fulcrais do processo de construção do conhecimento histórico, dimensões essas que correspondem a etapas da formação da consciência que o historiador têem da relevância e da viabilidade de seu trabalho.
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